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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O SUSTENTO DA IGREJA (in Novas de Alegria)

Lembro-me como se fosse hoje, era eu criança pequena quando fui ao café com a minha mãe e pedimos algumas coisas para mim e para a minha mãe, um bolo, galão, um pão, um café... Quando terminamos, a minha mãe perguntou quanto devia, tendo entregue uma nota dos saudosos escudos. A senhora do café devolveu-lhe o troco. Fiquei a observar aquela troca e reparei que a empregada tinha dado uma nota e mais umas moedas à minha mãe. Fiquei maravilhado! Tinha presenciado a minha mãe a fazer um excelente negócio!
Devem estar a pensar, que excelente negócio foi esse?  Passo então a explicar: o que eu vi foi a minha mãe a dar uma nota e em troca recebeu outra nota e ainda algumas moedas! Ora, recebeu mais do que o que deu. Já era claramente um excelente negócio, mas não ficou por aqui, pois pensei... e para além disso, ainda comemos o que nos apeteceu!
Foi nessa altura que procurei saber mais acerca deste maravilhoso negócio e me deparei com a realidade. A nota que a minha mãe recebeu não era tão valiosa que aquela que tinha dado, e as moedas... pouco valiam!
(Penso que foi a partir desse dia que o gosto pelos negócios começou a despertar dentro de mim.)
O que tem esta história a haver com o sustento da Igreja? 
Nada! Bem... a não ser que possamos colocar a hipótese remota de que o meu erro de análise enquanto criança, também aconteça entre os adultos!
Estou sujeito, de que  como profissional de Gestão Financeira, seja confrontado com a afirmação de que uma Igreja não é gerida como uma empresa, com a qual concordo plenamente. Mas penso que a Igreja tem que ser gerida por princípios básicos de gestão, os quais, também existem nas empresas.
Os pontos que distinguem as finanças de uma Igreja de qualquer outra instituição são o facto de o valor das ofertas ser muito superior ao valor inscrito na face de uma moedas oude de uma nota (o valor de uma pequena moeda dada por uma viúva pobre, a qual deu tudo quanto tinha, é incalculável!) e o facto de as empresas viverem para o lucro, mas a Igreja não viver pela fé.
A finanças da Igreja têm que ser geridas com rigor, transparência, verdade e seriedade, por forma a honrar Deus, como bons despenseiros, mas também aquele que contribuiem, colocando muitas vezes a sua fé / amor, nos seus actos.
A confiança da Igreja é estabelecida quando há sábia gestão – como diz na Bíblia – “Não havendo sábia direcção o povo perece.”
Uma regra que todos conhecemos, mas que muitas vezes erramos na análise é a de que não devemos viver acima das nossas possibilidades, nem dar passos maiores que a perna. Deus nos ensina a nunca começarmos os nossos projectos pelo telhado, mas... quantas vezes tal acontece?
Gostava de dividir o tema da seguinte forma: 1) Constituição de uma Tesouraria; 2) A organização da Tesouraria; 3) A Tesouraria como um órgão da Igreja; 4) O Carácter de uma Tesouraria; 5) A Comunicação da Tesouraria;

1) Toda a Igreja deve ter uma Tesouraria, a qual é dispenseira, guarda e fiel depositária das contribuições feitas pelos membros. Sempre que possível, a função deve ser exercida por um membro da Igreja, reconhecido pela Igreja com capacidades técnicas, mas também uma pessoa fiel, a qual tenha provado ter sido fiel no pouco. O exercício desta função por um Obreiro deve ser evitada por forma a não desviar a atenção do mesmo, assim como demonstrar maior confiança.
2) Hoje em dia é possível as Igrejas possuirem Contablidade Organizada (segundo regras oficiais de contabilidade) ou, não querendo significar desorganização, uma contabilidade simplificada (entradas e saídas). Independentemente do modelo adoptado, a mesma deve estar bem documentada, com clareza e auditável pelos Conselhos Fiscais correspondentes. Sempre que existe a compra de um bem, ou de um serviço, o mesmo terá que ser documentado por documento fiscalmente aceite Factura / Recibo / Venda a Dinheiro. A situação financeira deverá ser conhecida no final de cada mês por forma a que seja possível tomar decisões.
3) A Tesouraria não é um órgão independente. A Tesouraria deverá ser um órgão social da Igreja, respondendo em primeira instância à Direcção da Igreja e depois à Assembleia. A Tesouraria deverá fazer cumprir escrupulosamente as decisões de carácter financeiro deliberadas em Assembleia. A Tesouraria paga e recebe o que é decidido, cumprindo a lei, prestando contas dos seus actos.
4) Ao fazer cumprir as decisões e a lei, ao solicitar facturas de todas as compras, o Tesoureiro demonstra o seu carácter, para além de cumprir a Palavra de Deus. O pagamento dos impostos é um dever e a Igreja deve ser um exemplo no cumprimento de tal dever. Resistir à tentação de pagar compras sem factura é importante para manter a benção de Deus. A fuga aos impostos é pecado! Que o faz não é digno de ser Tesoureiro.
5) Na prestação de contas, o Tesoureiro deve ser claro, transparente, realista e verdadeiro. O Tesoureiro deverá ler saldos negativos quando eles existem de facto, com a mesma verdade com que lê os saldos positivos. É dever do Tesoureiro alertar quando prevê dificuldades financeiras, procurar eliminar despesas que superfulas e alertar para eventuais despesismos.

O dinheiro tem a sua parte na actividade da Igreja, mas não é de todo o mais importante, pelo que, o seu lugar deve ser cuidadosamente analisado e ponderado.
Temos uma realidade bastante dispar, Igrejas com poucos recursos financeiros e outras que vivem mais desafogadas. Igrejas que investem, igrejas que poupam. Uma coisa sei, a propagação do evangelho não depende da existência de dinheiro. O dinheiro é como uma chave, tem a capacidade de abrir portas, é um facto, mas não menos factual é que a mesma chave também fecha portas! Tenhamos sempre em mente de que, o amor ao dinheiro é a raíz de todos os males.
Uma coisa aprendi há muito tempo, a aparente falta de recursos não impede o alcançar de sonhos! (Não tenho prata nem outro, mas o que tenho isso te dou, levanta-te e anda)
Com esta frase pretendo passar a outro nível do sustento da Igreja. O verdadeiro sustento da Igreja não está no dinheiro que ela possui, pois o que seria das Igrejas que vivem com tantas dificuldades? O verdadeiro sustento da Igreja está em Deus, o qual sustenta o seu povo, sem dinheiro mas pelo seu poder.
Aquele que confia em Deus e tem os seus pés bem assentes na Rocha (Cristo), esse caminha pela fé, a Graça de Deus lhe basta, não mendigará o pão, Deus os vestirá. O sustento de Deus está no seu Amor e na nossa obediência.
Quando o dinheiro falha, quando não há pão sobre a mesa – aí está o sustento de Deus.
Uma multidão foi alimentada sem dinheiro! Um povo foi alimentado 40 anos sem dinheiro!
Em Isaias “não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.”
Termino com uma palavra para aqueles estão aparentemente, com dificuldades financeiras, sem sustento, até quem sabe, sem pão sobre a mesa: Diga a Deus que o ama, que Ele é o seu sustento, que confia n’Ele a situação pela qual está a passar. Pergunte a si mesmo, o que Deus quer que você faça, olhe à sua volta e execute, não fique parado, creia, conquiste!

Ass. Daniel Barbosa